domingo, 11 de abril de 2010

E quando chove.

Chuva.
Grossas lágrimas caindo do céu.
É quando eu vejo nossa imagem recriada fantasmagoricamente na poça abaixo de nossos corpos.
Fantasmagóricos? É tempo de chuva, então quem pode dizer que não é o reflexo do que está escondido dentro dos nossos olhos?
Chuva gelada que cai sobre nossas cabeças e faz com que as palavras agarradas em nossas bocas escorram pelos nossos pés. Que faz nosso gelo derreter rumo ao chão.
Água água água em nossos corpos.
Água, que assim como você, às vezes escapa pelos meus dedos frios.
Você você você chovendo em mim.
Eu sei que quando chove, a água lava as máscaras dos nossos olhos. E eu sei que você vê isso tirar de nós o peso das nuvens cinzas.
E mesmo que mil raios venham a baixo, e mesmo que o frio nos congele de novo, eu também sei que não moveremos um só passo dali, estancados e sozinhos na chuva, em um laço interminável com a metamorfose de nós, enquanto toda terra treme aos nossos pés ao passo que o tic-tac tic-tac continua.
E se tem uma coisa que me faz gostar de quando chove, é que em vez de olhar para a imensidão a cima de nós pra ver as estrelas, eu as deixo de procurar no céu e desvendo-as na imensidão dos seus olhos.
Então por mim, eu poderia viver dias chuvosos para sempre.
Mas os dias ensolarados estão ai, para esquentarem-nos os corpos.
Mas é a chuva que me esquenta o coração;
Quando olho para nossos reflexos encharcados de água na poça e vejo que na chuva, não há neblina alguma entre nós.


Anny.

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